Foi em um blog que tudo começou.

Comecei a escrever sobre Obesidade na internet, no ano de 2002. Em um blog chamado ludiadia, relatava minha rotina diária no mundo das dietas. Relatos de tentativas frustradas, vale dizer.

Era uma mulher de pouco mais de 20 anos, já casada e com um filho no colo. Não considerava normal passar uma vida inteira  lutando com a balança e contando calorias, mas aquela era minha realidade.  

Sabia que a Obesidade era doença, percebia-me doente, mas não era vista como doente. Os adjetivos pejorativos me magoavam profundamente. Sentia dentro de mim um vazio tão grande que só passava quando eu comia. Era como eu conseguia me expressr.

Sim. Obesidade é doença.

Hoje eu posso dizer que sou uma estudiosa do tema Obesidade e compreendo muito bem que esta doença tem como grande dificultador do tratamento, o fato de não ser reconhecida como uma patologia grave. O que na opinião equivocada de muitos é escolha, na verdade é uma das principais causas de morte na atualidade. Para não me sujeitar a situações que me faziam mal, eu evitava o convívio e me enclausurava dentro de mim tentando lutar sozinha contra algo muito maior do que eu. Fui chamada de preguiçosa, de desleixada, de acomodada…

Hoje escuto pacientes que trazem os mesmos relatos e o curioso é que assim como eu, eles acreditam que são de fato, tudo aquilo que ouvem. A Obesidade se apresenta de uma forma muito cruel, pois além de tudo nos expõe. Em um mundo que prega a boa forma e que todos os que não se adequam a padrões impostos são colocados à margem, o corpo magro é o “corpo certo”. Ao contrário de quem sofre com outras doenças, quem é acometido pela Obesidade, no lugar de tratamento, o que recebe é julgamento.

A decisão pela Cirurgia Bariátrica

Quando é que iria imaginar que ser a prima gordinha ou a menina mais fortinha da sala seria de fato um problema de tão grandes proporções? Eu só estava vivendo a vida da forma que ela se apresentava a mim. Preconceito, discriminação, bullying… A compulsão alimentar fez parte de boa parte dos cenários aos quais pertenci. Depressão e ansiedade também eram duas constantes. A Obesidade já havia me tirado muito da dignidade e da vontade de viver.

As dificuldades enfrentadas na execução das tarefas mais simples faziam cada dia ser penoso. Andar um quarteirão, amarrar os sapatos, pegar um objeto no chão. Tudo parecia mais difícil com tantos quilos a mais. Modificar a anatomia de um órgão. Cortar o estômago para caber menos alimento. Uma proposta assustadora mas que me ganhou desde a primeira vez que ouvi falar. Eu já havia tentado de tudo. Seria hipocrisia continuar tentando as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. 

Daqui em diante…

Eu poderia escrever vários livros relatando tudo o que passei durante minha luta com a obesidade. Mas como já fiz isso, estou aqui somente fazendo um apanhado para que o novo blog tenha um sentido. Sim. Embarcaremos a partir de agora em uma nova viagem. Além de falar sobre Obesidade, também teremos aqui artigos relacionados a transtornos alimentares e, claro, sobre Cirurgia Bariátrica.

Grande parte do conteúdo publicado aqui terá embasamento científico, pois este não se trata de um blog autobiográfico como o primeiro. Agora falo profissionalmente, logo, meu compromisso é compartilhar conteúdo que possa contribuir tanto com pacientes quanto com outros profissionais. Um blog novo para falar do mesmo assunto de um jeito diferente.

Com este trabalho, espero poder de certa forma continuar o cumprimento da promessa que relacionei em meu primeiro livro. E também compartilhando minhas experiências enquanto aprendo o que ensino e ensino o que aprendo. Vem comigo?

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